O que está em torno de nós ou que não está
e o que em nós procura o equilíbrio
para que as pálpebras respirem sobre os
destroços
é a matéria incerta do poema
O que talvez não é e não tem voz
apenas se pressente no ar imediato
com a concavidade de um barco sem costado
O que escrevemos é este roçar sem corpo
vazio e nu que não vemos e que talvez não seja
mais do que a forma que damos à nossa sede
essencial
António Ramos Rosa, A intacta ferida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário